Timor 2001 (4)

 

Timor 2001 (4)

Maubisse é uma cidade timorense de grande significado histórico. Na primeira vez que lá fui, tive oportunidade de visitar o quartel das tropas portuguesas englobadas no contingente das Nações Unidas. No bar, onde tomámos uma cerveja, estava de serviço um militar, natural da região de Chaves. Trocámos algumas palavras sobre a sua estadia ali e disse-me que se tinha voluntariado para fazer parte do nosso contingente, mas que não pensava que ia encontrar um país tão destruído e com tão poucas condições para se viver com dignidade. Hoje não tenho dúvidas de que muitos dos nossos militares que ali estiverem, pensassem o mesmo. De facto, à altura, era muito difícil viver em Maubisse ou noutra qualquer cidade timorense. A interioridade ali fazia-se sentir muito mais do que em Portugal.

 

A presença das tropas das Nações Unidas, em especial as portuguesas, eram muito mais do que militares. Por exemplo as professoras e os professores portugueses que ali cooperavam no ensino do português, muito beneficiaram da sua presença. O quartel era um local onde eram sempre bem-vindos (as). Muitos ali almoçavam e/ou jantavam diariamente. Por isso não espanta que nessa visita encontrássemos vários professores que estavam a leccionar nas escolas da região.

A pousada de Maubisse, antigamente posto administrativo, é um local muito interessante para visitar. Para lá chegar sai-se da estrada principal, junto ao monumento a Fonseca Benevides, Régulo de Maubisse, assassinado pelos japoneses, e que foi construído pelo Engenheiro Milheiros, e sobe-se por uma estrada estreita, com alguma inclinação, que termina na entrada da pousada. Na sala onde funciona o restaurante tive oportunidade de deixar uma mensagem no Livro de Honra, iniciado pelo jornalista britânico Max Stahl

Desfolhando o livro pude ver algumas mensagens deixadas por pessoas que por ali passaram. De todas, nunca mais esquecerei uma que foi escrita por um português cujo pai foi assassinado pelas tropas indonésias quando invadiram Timor. Era uma mensagem de revolta pela injustiça praticada sobre o seu pai.

Aceitem um abraço do,

Manuel Cordeiro

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