Timor 2001 (3)

 

 

Timor 2001 (3)

Na primeira vez que estive em Timor fiquei instalado no Hotel D Aleixo, de que já vos falei em texto anterior. As condições eram muito precárias pois, a partir da meia noite terminava o abastecimento de energia eléctrica pública e começava a funcionar o Gerador eléctrico. Esta mudança era feita, quase sempre, com alguns minutos de intervalo e, não poucas vezes, o quarto ficava sem ar condicionado. Tinha que me levantar e ir pedir ao funcionário que “ligasse” o interruptor que alimentava o meu quarto pois a temperatura depressa subia e tornava-se muito difícil voltar a dormir. O Gerador fazia um barulho tal que era muito difícil dormir. Isto passava-se todas as noites! Não se pense, no entanto, que por alguma vez me arrependi de ali estar. Antes pelo contrário. Estava numa terra onde sempre sonhei estar.

No hotel encontravam-se várias pessoas das Nações Unidas, entre eles portugueses, uns e outros de altas qualificações. Isto deu-me oportunidade de ficar melhor informado sobre alguns dos acontecimentos que se viviam em Timor.

 

Recordo um dos funcionários da recepção, o senhor Ávila, pessoa de sete mundos. Era descendente de indianos, nasceu em Pemba, Moçambique, veio para o continente após o 25 de Abril e estava naquela altura em Timor, onde tinha chegado há alguns meses depois de um período curto na Austrália. Tinha um amor muito especial por tudo quanto fosse desporto. Esta paixão acompanhava-o já desde os tempos de Pemba. Sonhava criar uma Escola de Futebol em Timor para permitir aos jovens timorenses mostrar as suas habilidades. Como muitos sonhos este não passou disso mesmo, pois em 2009 quando o vi, pela última vez, a escola ainda não existia. Mais tarde falarei com mais pormenor sobre ele pois faz parte da história da jovem nação de Timor-leste.

As minhas refeições fazia-as aqui no restaurante do hotel ou no City Café, situado na mesma rua e distante cerca de duzentos metros. Lá podiam encontrar-se cooperantes portugueses, brasileiros e de outros países assim como militares das Nações Unidas de variadas proveniências. Era como que a Meca de Timor-leste.

 

Manuel Cordeiro

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