Visita a Aileu – Timor

 

Visita a Aileu

A primeira saída para fora de Díli, teve lugar num Domingo. Para lá chegar, é preciso subir a serra que envolve Díli, que tem um clima dos menos saudáveis em Timor.

Aileu fica a cerca de 30 km de distância numa estrada que sai perpendicularmente à costa, em direcção ao interior. É uma cidade típica timorense, sendo a estrada que a atravessa, a sua rua central. Num espaço de 200 m ficam os pontos mais interessantes de se ver. Á esquerda o mercado, com infra-estruturas do tempo português. Mais adiante fica o monumento aos massacrados de Aileu, que homenageia os portugueses timorenses e os continentais que ali foram barbaramente assassinados na 2ª guerra Mundial, aquando da ocupação de Timor pelas tropas japonesas. Se lerem o livro Vida e Morte em Timor durante a Segunda Guerra Mundial

 

Se quiserem inteirar-se do que ali se passou leiam esse livro, pgs. 53 e 54 (Edição Livraria Portugal – Lisboa), da autoria de José dos Santos Carvalho que ali esteve como médico durante a ocupação japonesa. Transcrevo aqui algumas frases carregadas de grande dramatismo.

A certo ponto diz“Contou-nos, então o sargento Martins que na madrugada do dia 1 de Outubro, o aquartelamento da Companhia, instalado no depósito de degredados de Aileu, havia sido subitamente atacado e bombardeado por morteiros e, em seguida, por granadas de mão e alvo de tiros de metralhadora e espingarda, ouvindo-se gritos em língua indígena desconhecida no Timor português mas entre as quais se distinguia a palavra “Atambua”. Tratava-se, pois, de uma coluna negra principalmente recrutada nessa cidade do Timor holandês”.

O ataque foi de grande crueldade. Isso pode comprovar-se com o que o autor refere mais adiante: “… A menina Julieta, filha do tenente Lopes, contou-nos pormenorizadamente a tragédia que se tinha desenrolado na habitação em que estava instalado o comandante da Companhia e situada perto do aquartelamento”.

O relato feito por este médico, dá-nos uma ideia de quão dramáticos foram aqueles momentos. Diz ele que “O administrador Virgílio Duarte teve, então, a ideia de se misturar com os cadáveres e se fingir morto. Assim fez, e foi isso que lhe salvou a vida”.Vários dos continentais que ali se encontravam, suicidaram-se pois sabiam que não poderiam sobreviver ao ódio dos atacantes.

Hoje o monumento está como novo, recuperado que foi pelas tropas portugueses após a desocupação indonésia. Visitei-o várias vezes e imprime um sentimento de grande respeito.

Aceitem um abraço do,

Manuel Cordeiro

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