António Meneses Cordeiro

 

 

Comemorando-se hoje o dia da implantação da República, presto homenagem ao Dr António Meneses  Cordeiro, natural da Saldonha, aldeia do concelho de Alfândega da Fé e meu familiar direto. Foi um monárquico convicto, tendo estado preso em Bragança logo após o nascimento da República. Um facto interessante é que coincidiu nesse período de prisão estar em Bragança a estudar o meu pai que era o seu “correio”, levando-lhe as cartas e trazendo as suas respostas. Para o homenagear nada melhor que falar no CADC – Centro Académico para a Democracia Cristã, sedeado em Coimbra e do qual ele foi um dos fundadores,  transcrevo um extrato de um texto do Dr. Isaías Hipólito, retirado da internet:

“É consensual entre os mais antigos sócios do C.A.D.C. uma versão sobre a génese, a identidade dos fundadores, causas do aparecimento e locais onde se reuniam nos primeiros tempos os que são hoje creditados com o mérito de terem fundado o Centro Académico da Democracia Cristã. De entre todos os depoimentos sobre o despontar da nova organização católica em Coimbra, não podia ser mais claro e inequívoco o testemunho de António Francisco de Menezes Cordeiro, unanimemente aclamado como fundador do C.A.D.C., título que ele prefere repartir com um seu “amigo como irmão”, clérigo, futuro deputado católico e Cónego da Sé do Porto – o padre Francisco Correia Pinto.

Numa evocação da memória de Correia Pinto, dois anos após a sua morte (1952), escreve Menezes Cordeiro: “A ideia de agrupar esse escol de rapazes, últimos do século XIX […] na defesa da Igreja e da Pátria, foi minha. Não quero que me roubem essa honra”. Complementar à paternidade intelectual reconhece Menezes Cordeiro a paternidade formal a Correia Pinto: “A forma bela, a roupagem brilhante, com que a ideia se revestiu desde o berço, dando-lhe condições de vida, tornando-a simpática e atraente, pertence a Correia Pinto. Essa a sua suprema glória. Sem ele a ideia  teria morrido de inacção, logo ao nascer. Por isso o mérito de Correia Pinto é maior que o meu”.

Um testemunho do mesmo Menezes Cordeiro, referido em segunda mão, confirma a mesma versão. No número 332 de Dezembro de 1954, o subdirector da revista Estudos, M. Alves Pardinhas, que trata Correia Pinto pelo título de “fundador e amigo”, escreve: “Sem o Correia Pinto – dizia-nos o Dr. Menezes Cordeiro – nada se fazia do que se fez nem como se fez. Foi a sua alma de padre que nos empurrou para a frente”. E acrescenta, salientando ainda mais a importância de Correia Pinto nas origens: “o principal obreiro da fundação do C.A.D.C., o cérebro que o pensou e defendeu, e o coração que incendiou os fundadores, foi o padre Correia Pinto”.

Por sua vez, Correia Pinto havia escrito, em 1951, um testemunho coincidente sobre Menezes Cordeiro: “Foi o verdadeiro fundador. Foi ele que nos chamou, que nos juntou, que nos traçou o caminho”.

Por conseguinte, não restam dúvidas de que na origem da instituição designada Centro Académico de Propaganda Católica, durante a sua primeira fase embrionária, estiveram dois  (e não apenas um) estudantes. Ambos de Direito, ambos oriundos do Norte católico: um da região de Macedo de Cavaleiros, o outro do Porto. Um era leigo, o outro sacerdote. A fundação do antepassado do C.A.D.C. foi, portanto, uma iniciativa – mais do que individual – tendencialmente comunitária. Não nasceu da vontade planificadora de nenhuma instituição oficial. Iniciativa eclesial, mas também iniciativa académica, motivada pela urgente “defesa da Igreja e da Pátria”  – ou, dir-se-ia hoje, por um imperativo de cidadania”.

Aceitem um abraço do amigo,

Manuel Cordeiro

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